- Área: 553 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Hector Santos-Díez
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto trata de um albergue situado em Muxía, um dos pontos emblemáticos e de referência do Caminho de Santiago na sua continuidade em relação a costa da Galícia.
A ampliação é feita sobre uma edificação recente situada em uma esquina, no núcleo tradicional da cidade, com fachadas voltadas a três ruas e uma empena lateral. A grande diferença de nível entre a rua superior e a inferior configura um volume existente de dois pavimentos com acessos e usos independentes: o inferior abriga uma funerária e o superior um albergue.
A parte do albergue, já em funcionamento, conta com recepção e serviço comunitário, dois dormitórios para vários beliches e outros dois duplos com banheiro. A demanda crescente destes últimos justifica a viabilidade da ampliação e o tipo de desenho escolhido quanto a configuração dos novos espaços e volumes.
Em um depósito do albergue foram situados os núcleos de escada e elevador. A escada não poderia ser feita sobre si mesma, pois perturbaria o restante do projeto. A partir deste encontro com o existente, a ampliação propõe uma nova forma de configurar os espaços através de dormitórios rodeados por terraços, pátios e mirantes, que atuam como áreas de estar comum e reforçam a característica do local. Com uma paisagem própria de esquina, o edifício incorpora perspectivas e imagens daquilo que o envolve.
A proposta relaciona linguagens da tradição arquitetônica do lugar com a indústria e leva em consideração a cultura popular trata o caminhar como experiência estética. As dimensões dos materiais e o processo construtivo utilizados tanto na fachada como na cobertura, são também pautas geométricas que conferem profundidade aos volumes (abrir caminhos) e resolvem a funcionalidade dos novos espaços.
Oito dormitórios: quatro duplos e quatro quádruplos, um amplo espaço social, escritórios e um espelho d'água conformam, junto com os espaços no terraço, a ampliação do albergue em 24 novos lugares. Sobre esta parte ainda existem um pequeno apartamento, mais terraços e um mirante no topo.
A distribuição de cada dormitório é sempre a mesma: acesso através do terraço exterior, área de estar, de dormir e banheiro ao fundo, com suas peças independentes para permitir uma maior flexibilidade de funcionamento.
A esquina é uma lembrança para o que caminha, já que o passeio se separa e se concentra em um só lugar, permitindo uma leitura não-linear do espaço. A ruptura apresenta um novo traço na vida cotidiana. O indício de outra paisagem. Uma forma consubstancial da tradição como parte da sua própria dinâmica de mudança. Um valor manifestado na nova residência.